Olhar para seu trabalho e identificar nele suas referências faz parte de um processo de amadurcimento. Compartilhar nossas referências mais queridas é abrir uma importante janela para o nosso processo de criação.
E nesses muitos fios que compõe a trama das minhas referências, puxo aqui as linhas que me são mais caras. Não sou muito apegada a artistas,sempre esqueço os nomes. Mas sem dúvidas as referências mais antigas e duradouras estão na pintura. Gente famosa que me tocou primeiro na infância e que vem me acompanhando desde então. É difícil escolher uma referência, um artista que tenha sozinho tanta influência então cito aqui os mais queridos para quem tiver curiosidade: Monet, Renoir, Hieronymus Bosch, Goya e Auguste Doré. E a eles muitos outros se seguem, artistas que inspiram pelo uso da cor, pela linha e pela abordargem de temas de forma elegante e crítica.
No entanto, para abrir um pouco mais nesse post coloco duas referências "mais novas", gente que ainda produz e que sem dúvida inspira: as produções ligeiramente perturbadoras de Dave Makean e Shaun Tan, que eu olho e que me olham quando eu preciso de uma folga.
Ambos trabalham com esse ambiente fantástico e um tanto estranho que me fascina. Enquanto os trabalhos de Dave Mckean são mais escuros, mais perturbadores pelas relações do tema, imagem e cor Shaun Tan leva esse fantástico, não necessária mente amistoso, para o universo infantil. As ilustrações de livros infantis variam a paleta de acordo com o tema, mas tem sempre esse misto de técnica e olhar que torna possível visitar a mesma obra de novo e de novo em busca de novos detalhes.
Dave Mckean é mais famoso pelas capas de Sandman e outros trabalhos em parceiria com Neil Gaiman, mas ele tem outras produções que são curiosas e fascinantes. A obra Destiny, 2010, foi peça fundamental no período do as aulas de pintura da faculdade. A paleta terossa e escura foram inspiração para toda uma série de trabalhos de acrílica sobre tela. E ainda hoje ressoam. Assim como o desafio de captar o movimento de forma narrativa, indefinida e provocante. Um pouco como uma foto de um pedaço de história que não nos foi contada.
Shaun Tan foi tesouro encontrado nas estantes da locomotiva, ainda na Putumunju. Um livro lindo, em uma lingua indecifrável. As cores vibrantes, a composição e a técnica mista foram inspiração e respiro para muitas horas de estudo. E a coisa mais incrível de um livro lindo, numa lingua que você não conhece é que a narrativa das palavras deixa de ser tão importante e a imagem fala.
Ambos artistas tem páginas deliciosas pra quem quer se perder nesses universos.
Isso tudo sem falar de música, teatro, dança e cinema. Mas esses são fios para trançarmos em um outro momento.
ahhhh que lindo!! eu adoooooro ilustrações de livros infantis, não conhecia esses dois artistas, obrigada!